Os verões do Iraque são sempre muito quentes. Este ano, porém, as temperaturas estão batendo todos os recordes. Acostumados com l calor, os iraquianos estão apelando a chuveiros nas ruas e até estão colocando bebês nas geladeiras para amenizar o sofrimento deles.
A situação ainda se torna mais dramática porque o Iraque tem vivido problemas de abastecimento de energia. Há momentos em que sequer se pode recorrer as geladeiras para beber água ou colocar bebês porque a energia é interrompida.
Em Basra a situação é ainda pior. A única cidade litorânea do país tem uma sensação térmica ainda pior por conta da umidade.
O governo decretou quatro feriados esta semana para evitar que os moradores saiam de casa e os carros façam a temperatura subir ainda mais.
Quem é o culpado? É a pergunta que se fazem os 40 milhões de iraquianos que em quase 20 anos viram metade dos petrodólares do país desaparecer nos bolsos de políticos e empresários corruptos.
“O ministério da Eletricidade diz que ‘é culpa do ministério do Petróleo’, o Petróleo diz que ‘é culpa da pasta de Economia’, a Economia diz que ‘é culpa do Irã’, o Irã diz ‘é culpa do governo iraquiano’, o governo diz que ‘é culpa do povo’, o povo diz que ‘é culpa dos políticos’ e os políticos dizem que temos que lidar com isso”, resumiu o pesquisador Sajad Jiyad no Twitter.
O ministério da Eletricidade nunca reformou sua estrutura, o que gera perda de 40% de sua energia. Por sua vez, o ministério do Petróleo tem dificuldades em lançar projetos de transformação de gás natural e abastecimento de usinas.
O vizinho Irã decidiu na terça-feira interromper o fornecimento devido à inadimplência. O governo do Iraque argumenta que não pode pagar suas dívidas devido às sanções dos Estados Unidos contra o Irã e aos seus próprios problemas financeiros, visto que a COVID-19 baixou muito os preços do petróleo, sua única fonte de divisas.
Além disso, argumenta o governo, poucas famílias pagam as contas e há muitas conexões ilegais.
Parece que a maldição do petróleo não acontece apenas na Venezuela.