O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestará novo depoimento à Polícia Federal (PF), na próxima terça-feira (19/11), em Brasília. Cid fechou acordo de colaboração premiada após ter sido preso no âmbito do inquérito que apura fraudes em certificados de vacinação contra a Covid-19.
Além do caso referente às vacinas, ele cooperou com a investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado que a polícia investiga suposta elaboração no alto escalão do governo Bolsonaro. Ademais, é implicado no esquema de venda de joias e presentes entregues ao ex-presidente por autoridades estrangeiras.
O advogado de Cid, Cezar Bittencourt, disse à Agência Brasil, neste domingo (17/11), que não há “nenhuma preocupação” da defesa de que o acordo de delação de Cid seja reavaliado. De acordo com Bittencourt, é comum que novas informações surjam durante o inquérito e a polícia procure novamente as pessoas que estão sendo investigadas.
Mas, se a PF concluir que Cid não cumpriu as obrigações do acordo, o ele poderá ser alvo de um pedido de rescisão da colaboração. A medida não anularia a delação, mas cancelaria os benefícios, entre eles, o direito de permanecer em liberdade.
PRIMEIRA PRISÃO
A primeira prisão de Mauro Cid foi em 3 maio de 2023, no âmbito da Operação Venire. Ela investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Ele ficou preso em um batalhão da Polícia do Exército, em Brasília, até 9 de setembro, quando firmou a colaboração premiada com a PF. Em seguida, decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes o soltou.
As investigações apontaram que o ex-presidente Bolsonaro e integrantes de seu governo, incluindo ministros de Estado e militares, formularam uma minuta. Ela previa uma série de medidas contra o Poder Judiciário, incluindo a prisão de ministros da Suprema Corte. Esse grupo também promoveu reuniões para impulsionar a divulgação de notícias falsas contra o sistema eleitoral brasileiro.
Mensagens encontradas no celular de Mauro Cid mostram que, apesar de relatórios e reuniões garantirem que as urnas eletrônicas são seguras, deu-se continuidade à elaboração do que os investigadores chamam de minuta do golpe.
NOVA PRISÃO
Em março deste ano, Cid novamente foi para a prisão por descumprimento de cautelares e obstrução de Justiça. Na ocasião, houve o vazamento de áudios em que o ex-ajudante de ordens critica a atuação do relator dos casos, ministro Alexandre de Moraes. Além disso, ele afirmou que sofreu pressão pela PF a delatar episódios dos quais não tinha conhecimento ou “o que não aconteceram”.
A Justiça soltou Mauro Cid novamente em maio, em liberdade provisória concedida pelo ministro. Moraes decidiu manter a validade do acordo de delação após a confirmação das informações pelo militar. Ela ocorreu durante a audiência de sua prisão.