O tema da vacinação contra COVID-19 de crianças de 5 a 11 anos tem dominado as manchetes. Se até agora pouco se falava sobre mortes de crianças pela doença, a partir de algumas semanas atrás, o tema surgiu com frequência incomum se comparado a meses anteriores.
Mas há números envolvendo mortes de crianças que são sistematicamente ignorados há anos no Brasil. Tratam-se dos números que refletem a violência contra menores no país. Segundo dados da Unicef, morrem assassinados no Brasil todos os dias 32 crianças e adolescentes.
A Unicef comparou a situação da violência contra menores no Brasil com a do Iraque, país que vive uma guerra civil há anos. Mesmo na comparação com um país nesta situação, o número de mortes de menores no país do Oriente Médio é metade do brasileiro.
A violência contra crianças e adolescentes no Brasil atingem sobretudo os filhos dos mais pobres. As mortes por COVID-19, embora representem apenas 0,04% do total dos óbitos pela doença, podem atingir qualquer criança, rica ou pobre. Esse é um ponto que explica o alarmismo da grande imprensa e da elite nacional com mortes com COVID-19 e a indiferença com as mortes por violência.
Além desse aspecto, causa estranhamento que um causa que mata 70 vezes mais crianças que a COVID-19 seja ignorado por pessoas que alegam se preocupar tanto com a vida e o bem estar delas. A situação causa a impressão de que a polêmica é mais para ajudar as grandes farmacêuticas a vender vacinas do que por preocupação com os meninos e meninas do Brasil.