Um quarto improvisado em uma garagem. Era essa a residência de “Tio Paulo”, o homem que tornou-se nacionalmente conhecido após a morte. O cômodo insalubre revela a precariedade em que vivia Paulo Roberto Braga, de 68 anos.
No ambiente, apenas colchão velho sustentado por madeiras de caixotes, sobre ele um lençol fino. Perto do leito, o vaso sanitário.
Além disso, uma escrivaninha com poucos objetos sobre ela e uma lona pendurada no vão que fazia as vezes de janela.
O quarto improvisado fica na Estrada do Engenho, em Bangu, na Zona Oeste do Rio (RJ). Ele morava sozinho no imóvel úmido e com forte cheiro de mofo de aproximadamente 4 metros quadrados, sem janela, piso, armário, nem a mínima dignidade que um idoso com a saúde debilitada deveria ter.
Na esquina da rua em que morava, um ponto de mototaxistas é responsável por algum movimento na região. Os motociclistas informam que não costumavam ver parentes de Paulo na casa. Contudo, os hábitos dele eram bem conhecidos.
De acordo com os vizinhos, Paulo Roberto era um homem solitário, alcoólatra e com dificuldades até para conseguir se alimentar. Era habitual a vizinhança se cotizar para conseguir doações para o homem. Érika de Souza, que alega ser sobrinha dele, não era vista no local.
O POLÊMICO EPISÓDIO
Na última terça-feira (16/04), dia em que Paulo faleceu, ele passou as últimas horas de vida em uma cadeira de rodas junto a Érika, que alegava ser sua cuidadora. Imagens de câmeras de segurança indicam que ele já poderia estar morto quando entrou na agência bancária conduzido por Érika. A polícia investiga se houve maus-tratos a ele por parte da mulher.
Posteriormente, o corpo de Paulo Roberto Braga foi levado para o Instituto Médico-Legal de Campo Grande, na Zona Oeste, na manhã de quarta-feira (17/04), um dia após sua morte. Ele vestia camisa e bermuda azuis, além de fraldas. De acordo com o laudo cadavérico, produzido pelo IML, a aparência dele era a de um “homem caquético”, ou seja, enfraquecido e debilitado. A causa da morte, a princípio, seria engasgo com algum alimento, que teria provocado uma broncoaspiração.
“Tio Paulo” havia permanecido internado recentemente durante uma semana em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Bangu, para tratar uma pneumonia. Recebeu alta na última segunda-feira (15/04), véspera de sua morte. No prontuário da unidade, há a informação de que ele chegou à unidade com dificuldade de andar e falar, e com pressão baixa e precisou de aparelhos para ajudar na oxigenação.
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