A Polícia Civil do Distrito Federal realizou uma operação nesta quarta-feira (20/09) visando um grupo suspeito de enganar mais de 50 mil pessoas no Brasil e no exterior. Os valores prometidos como lucro para os supostos “investimentos” chamaram a atenção da polícia e chegavam a um octilhão de reais. Além disso, o fato do golpe ocorrer dentro de igrejas evangélicas também surpreendeu os investigadores.
O grupo criminoso, composto por 200 integrantes, incluindo dezenas de pastores, atuou por mais de 5 anos. Eles incentivavam fiéis a investir suas economias em falsas operações financeiras e projetos de ações humanitárias inexistentes. E faziam isso prometendo “retorno imediato e rentabilidade estratosférica“.
O golpe também se estendia às redes sociais, onde o grupo anunciava lucros de até um “octilhão” de reais e 350 “bilhões de centilhões” de euros. Ao longo de 5 anos, o grupo movimentou R$ 156 milhões e criou 40 empresas fantasmas, além de movimentar mais de 800 contas bancárias suspeitas.
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
O grupo utilizava a teoria conspiratória conhecida como “Nesara Gesara” para atrair vítimas. O “Nesara” originalmente propunha reformas econômicas nos EUA, mas se transformou em uma teoria da conspiração nos anos 2000. A blogueira Shaini Goodwin desempenhou um papel fundamental na popularização dessa teoria, que ganhou ainda mais força durante a pandemia de Covid-19, dando origem à “Gesara”.
Um “octilhão” de reais, embora exista numericamente, é impossível de aplicar em uma escala financeira realista. Mesmo somando as riquezas de todos os países do mundo, não se aproximaria desse valor.
Posteriormente ao recebimento do dinheiro das vítimas, os golpistas criavam empresas fictícias com alto capital social declarado para dar aparência de legalidade às operações financeiras. Contratos falsos eram assinados, com promessas de liberação de quantias registradas no Banco Central e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).
OPERAÇÃO POLICIAL
A operação coordenada pela Polícia Civil resultou em dois mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em cinco estados. Os suspeitos devem responder por diversos crimes, incluindo estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Um dos alvos da operação é o pastor Osório José Lopes Júnior, que já estava envolvido em golpes anteriores. Ele prometia lucros significativamente acima do que os investidores entregavam e conseguiu cerca de R$ 15 milhões com o golpe, prometendo valores que superavam as fortunas das dez pessoas mais ricas do mundo.
A operação visa desmantelar esse esquema criminoso que se aproveitava da fé das pessoas e das teorias da conspiração para lesar milhares de vítimas.
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