A Justiça do Rio de Janeiro condenou os líderes do Centro Espiritualista Semeadores da Luz (CESL) pelo crime de violação sexual mediante fraude. O templo combinava elementos religiosos de umbanda, candomblé, gnosticismo e religiões orientais. Os condenados foram Marcelo Antonio Marques Prazeres, Leonardo Campello Ribeiro e Jayson Garrido.
Os elementos afirmavam estar possuídos por entidades como “Caboclo Pena Branca”, “Preta-Velha Maria Conga”, “Vovô-Rei Congo de Aruanda” e “Boiadeiro Urubizara” para induzir as vítimas a praticarem atos sexuais em “iniciações tântricas”. Eles alegavam que os atos sexuais eram ordenados pelas entidades.
LÍDERES ABUSAVAM DA BOA FÉ DOS FREQUENTADORES
Marcelo, na condição de líder espiritual e presidente do centro espírita, comandava os rituais de “iniciação religiosa”, que incluía elementos tântricos, em que praticava os atos libidinosos.
Os abusos praticados por ele no período de 2009 a 2016 passaram dos cem casos, e aconteciam sempre da mesma maneira: as vítimas eram informadas de que estavam “prontas” para serem iniciadas pela autoridade máxima: o próprio Marcelo.
Segundo uma das vítimas, Marcelo atraía apenas homens para seu ritual. Os escolhidos sempre eram rapazes jovens e bonitos. Ele os convencia de que a “iniciação tântrica” era um momento raro de intimidade profunda com Deus. E ele, como uma mestre iniciador, precisaria “depositar seu axé” em um chacra secreto localizado dentro do ânus da vítima.
Leonardo, vice-presidente do centro espírita, tinha conhecimento dos abusos e não os impedia. Ao contrário , ele incentivava as vítimas a obedecer a vontade de Marcelo e também praticava atos sexuais com os frequentadores. O procedimento se repetia: eles sempre afirmavam que uma entidade espiritual havia determinado.
Ele também responde por fingir ser psicólogo e exercer irregularmente a profissão ao menos em 67 situações com diferentes vítimas, cobrando pelas sessões realizadas em um consultório dentro do próprio centro espírita.
O terceiro denunciado, Jayson, apontado como médium do CESL, teria abusado pelo menos de duas vítimas – uma delas com 15 anos. Ele persuadia as supostas vítimas a praticar de maneira sigilosa a chamada “magia vermelha”, que resolveria os problemas emocionais e materiais delas.
Durante esses rituais, teria beijado à força a boca e passado a mão nas partes íntimas de uma vítima, na época menor de idade. Ele chegou a ir na casa da adolescente dizendo estar possuído por “Exu Caveira”.
CONDENAÇÃO
Marcelo foi condenado a 5 anos e 6 meses de prisão. Leonardo recebeu uma pena de 5 anos; e Jayson, de 3 anos e 6 meses. Eles poderão recorrer em liberdade.