Um dos gurus da esquerda brasileira, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, de 82 anos, foi suspenso de suas atividades na Universidade de Coimbra, na última sexta-feira (14/04). Ele é acusado de assédio sexual por, pelo menos, quatro ex-alunas.
Ele nega as acusações e se diz alvo de “cancelamento”. Em um comunicado enviado aos alunos, a universidade informou que o pesquisador Bruno Sena Martins e Boaventura de Sousa estarão afastados da instituição “até o apuramento de conclusões”.
Bruno Sena Martins, de 45 anos, também é acusado de assédio sexual por ex-alunas da Universidade de Coimbra.
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O Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra instaurou uma comissão independente para investigar as denúncias de assédio contra eles. O CES destacou ainda que “os atuais membros dos órgãos de gestão declaram que não têm conhecimento de tentativas de averiguação ou ocultação de eventuais condutas inadequadas que tenham ocorrido no passado”.
As acusações foram divulgadas em um artigo do livro “Sexual Misconduct in Academia – Informing an Ethics of Care in the University” (Má conduta sexual na academia – para uma ética de cuidado na universidade, em tradução livre). As autoras são a belga Lieselotte Viaene, a portuguesa Catarina Laranjeiro e a norte-americana Myie Nadya Tom.
Uma brasileira está entre as mulheres que acusam o guru. É a deputada estadual de Minas Gerais Bella Gonçalves (PSOL/MG). Ela revelou, nesta sexta-feira, que também é vítima dos assédios sexuais cometidos por Boaventura de Sousa Santos.
“Um dia, ele pediu para marcar uma reunião no apartamento dele. Colocou a mão na minha perna. Falou que as pessoas próximas dele tinham muita vantagem e sugeriu que a gente aprofundasse a relação”, disse a deputada brasileira.
SOCIÓLOGO É INFLUENTE E MILITANTE
Boaventura de Sousa Santos é um dos mais celebrados sociólogos da Esquerda internacional. Além de professor universitário, é ativo militante. Em 30 de agosto de 2018, ele visitou Lula da Silva (PT) na cadeia. Após o anúncio da eleição de Lula pelo TSE em 2022, o sociólogo escreveu uma carta aberta ao petista. “Prezado amigo Presidente Lula da Silva, escrevo-lhe hoje antes de tudo para o felicitar pela vitória nas eleições de 30 de outubro. É um feito extraordinário sem precedente na história da democracia“, diz o início da carta do professor para Lula.