A emissora RTP – Rádio e Televisão Portuguesa – entrevistou o ex-presidente do Brasil Lula da Silva nesta sexta-feira da Paixão (02/04). Controlada pelo governo português, cujo mandatário é o socialista Antônio Costa, a emissora fez uma entrevista fora de propósito para os interesses do povo português a quem serve e quem paga pela estatal.
Sem qualquer justificativa relevante, a emissora portuguesa convidou Lula que foi entrevistado por José Rodrigues dos Santos, dando espaço na imprensa estrangeira a um político do mesmo espectro político-ideológico do primeiro-ministro de Portugal e do partido que tem maioria na Assembleia da República naquele país.
Lula deu a entrevista como se fosse um indivíduo absolvido pela Justiça. Tanto o entrevistador quanto o entrevistado não deixaram claro que Lula foi condenado criminalmente em dois processos regulares, com confirmações em tribunais superiores. Tampouco se falou que a anulação dos processos que o condenaram decorreu de uma mera formalidade – a suposta incompetência do foro de Curitiba – nada tendo a ver com a matéria do processo em si.
Durante a entrevista Lula confessou sem meias palavras que será sim candidato à Presidência da República em 2022. Defendeu sua candidatura, a despeito da idade, dizendo que Joe Biden é ainda mais velho que ele e foi eleito presidente dos EUA. Passou a entrevista recorrendo a velhos cacoetes retóricos, chavões já muito conhecidos do público brasileiro, além de falar mal do atual governo de Jair Bolsonaro.
REPERCUSSÃO
O propósito da entrevista não era o de falar com o público português, que não dá sinais de que tenha interesse em ouvi-lo. O objetivo era criar mais um fato relevante a ser repercutido nas redes sociais pela militância de esquerda, criando a ideia de que Lula é um político com prestígio internacional, o que não é verdade fora do espírito corporativista do socialismo internacional que, por exemplo, garantiu esse espacinho para o ex-presidiário e ex-presidente na grade da TV estatal do governo socialista português.
A ESTRUTURA DA POLÍTICA PORTUGUESA ATUALMENTE
É possível afirmar que o Partido Socialista (PS) é o PT português e a política daquele país funciona na base de uma dicotomia entre os socialistas e o Partido Social Democrático (PSD), um congênere dos tucanos brasileiros. O PSD é comandado por Rui Rio, um líder débil e que parece servir mais aos propósitos do PS do que ao de seu próprio partido. As semelhanças com o PSDB brasileiro não são meras coincidências.
Recentemente uma terceira força política tem surgido na política portuguesa liderada pelo deputado André Ventura, do partido CHEGA!. Ventura é um líder duro contra a corrupção, contra o Estado inchado e contra o uso da máquina pública para os interesses dos amigos dos políticos. Um candidato antissistema que, de certa maneira, assemelha-se ao espírito que elegeu Jair Bolsonaro, embora também existam diferenças consideráveis entre ele e o presidente do Brasil.