Atualmente articulista do jornal O Globo, a ex-guerrilheira Miriam Leitão escreveu em sua coluna e reproduziu no Twitter que “na disputa entre Lula e Bolsonaro só há um extremista: Bolsonaro. Repito o que disse em 2018: o PT jogou o jogo democrático e Bolsonaro quer cancelar a democracia”.
É evidente que a opinião de Miriam Leitão de nada interessa e não há ninguém surpreso com a declaração. Todavia, há nela algo muito interessante que afeta o debate público no Brasil e que acaba por confundir os mais inocentes.
Há anos repete-se na mídia que Jair Bolsonaro é uma ameaça à democracia e tem propósitos antidemocráticos. A única premissa em que seus acusadores se baseiam para dar ares de credibilidade a essa acusação é o fato de que Bolsonaro elogia o regime civil-militar de 1964-1985.
Bolsonaro já é presidente do Brasil há 28 meses completos e o discurso continua sendo repetido – como as palavra da Sra. Leitão comprovam – apesar de não ter havido um só ato de Bolsonaro que tenha comprometido a ordem constitucional. Ao contrário, as ameaças à ordem democrática têm ocorrido em outro poder da República e, em algumas ocasiões, Bolsonaro foi vítima, como no caso do Delegado Ramagem. Mas não é essa a reflexão que queremos fazer.
Se o Presidente Bolsonaro é tido como um verdadeiro monstro antidemocrático apesar de não fazer nada contra a democracia, no teatro de fingimentos da mídia mainstream os democratas são precisamente aqueles que, por exemplo, compraram parlamentares para governar sem resistência e que têm muita estima por ditaduras estrangeiras, como a de Cuba.
Comprovadamente, o PT e o PSDB compraram parlamentares. Há, inclusive, condenações judiciais a respeito disso. Mensalão, petrolão e o mensalão mineiro de Eduardo Azeredo (para não falar na compra de votos pela reeleição, pois não teve comprovação judicial) são do “jogo democrático”, segundo o establishment, conforme uma de suas porta-vozes disse em sua coluna. Mas, Bolsonaro não. Bolsonaro é autoritário porque tem “intenções” autoritárias.
Todos os crimes de Bolsonaro são sempre futuros. “Ele quer”, “ele tem intenção”, “ele pretende”, “ele deseja”. Mas nunca acontecem. Os crimes dos outros são reais e comprovados, mas não importam.
É apenas e tão-somente um grande teatro. Você tem o direito de escolher se aceita ou não participar dessa mentira, cidadão.
____________
