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Deputado faz discurso por ocasião do 133° aniversário da extinção da escravidão no Brasil

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Foto: Agência Câmara.

O deputado federal iguaçuano Helio Lopes (PSL-RJ) fez um emocionado discurso nesta quinta-feira (13/05) por ocasião do 133° da extinção da escravidão no Brasil.

Assinada pela Princesa Imperial Regente, Isabel do Brasil, no Paço Imperial do Rio de Janeiro, a lei número 3.353 de 13 de maio de 1888 é conhecida como Lei Áurea, a lei de ouro.

Jornal de 14 de maio de 1888 anuncia a extinção da escravidão no Brasil. Imagem: Reprodução da Internet.

O deputado Helio Lopes é defensor de uma igualdade real entre os brasileiros, sem discriminação racial nem mesmo para as eufemisticamente chamadas políticas afirmativas.

Eis o discurso do deputado:

Senhores e Senhoras Parlamentares,

No dia de hoje quero dizer que cada homem e cada mulher, deve ser compreendido e pensado como fruto do seu tempo. Se pensarmos o passado com a cabeça do presente, não seremos capazes de compreender as pessoas de acordo com sua época, pelo contrário, encontraremos espanto, desprezo e muitas vezes ódio e rancor pelo nosso passado e nossa História.

Por isso penso os 388 anos de escravidão de negros e indígenas no Brasil, não com os olhos de um homem do século XXI, maa os vejo como homens dos seus séculos. Reconhecendo as mazelas causadas por esse período nas futuras gerações, mas engrandecendo a força e resignação de diversos heróis patriotas e cristãos na luta por condições melhores a todos os brasileiros. E sabendo que a causa da escravidão não foi racial, mas se deu pelo fato de os índios estarem sendo dizimados pelas doenças e o negro estar adaptado aos trabalhos braçais nos trópicos.

Vejo que estes homens e mulheres foram mudando sua forma de pensar. O português do século XV não via o negro como o português do século XIX. Mesmo porque os primeiros haviam acabado de passar por 700 anos de subjugo aos mouros – povo do norte da África, ou seja, negro. A propósito, as invasões e guerras realizadas por países muçulmanos na Europa culminou com a escravidão dos eslavos, de onde vem o termo “escravo”, mais uma vez apontando que a escravidão não é uma questão racial. 

No século XIX, boa parte dos negros no Brasil já eram livres, liberdades muitas vezes adquiridas através de compras de alforria pelos próprios negros, ou através de batalhas judiciais, como as travadas por Luís Gama e, não poucas as vezes, decorrentes de relações afetivas, entre os cativos e seus senhores, ou mesmo o temor à Deus, expresso nos testamentos de muitos senhores, que ao fim da vida concediam a liberdade a seus escravos. Bons exemplos dessas consequências são os próprios bandeirantes que, em geral, eram filhos de senhores de escravos com suas escravas, o mestiço.

Penso que temos que olhar os homens do passado de acordo com o tempo deles. Não ignoro o passado do meu Brasil, nem a escravidão, mas enxergo tudo isso pela ótica da verdade, sem ódio, e por isso aprendo com a história. Toda escravidão é um absurdo e tem consequências terríveis. Não podemos permitir que nossas emoções sejam utilizadas para garantir um discurso longe da verdade.

Observando a história penso que o povo português foi muito bem definido por Gilberto Freire, em seu livro “Casa Grande e Senzala”, quando diz: 

A singular predisposição do português para a colonização híbrida e escravocrata dos trópicos, pode ser explicada em grande parte o seu passado étnico, ou antes, cultural, de povo indefinido entre a Europa e a África. Nem intransigentemente de uma nem de outra, mas das duas’.

Outro texto que nos traz boas informações sobre o povo português está na carta da Madame Junot, de 1832, quando fala de Dom João VI: 

‘Seu cabelo de negro (que estava em perfeita harmonia com seus lábios grossos, o nariz africano e a cor morena) estava besuntado e amarrado com uma espessa fita, tudo arrematado por um shako (chapéu militar)’.

Esses relatos mostram para mim um português diferente do demonizado por muitos militantes que querem dividir nosso povo e fazer a política do “eles” contra “nós”. Somos todos brasileiros, brancos, negros e índios! Na verdade, a noção de Brasil só é possível a partir da vinda família Real para cá e de uma convocação de Dom Pedro II, que os livros de história nos contarão como a história dos “voluntários da Pátria”. Onde esses três povos lutaram lado a lado com um sentimento patriótico pela primeira vez.

Um fato bastante curioso e interessante, que vale a pena pesquisar com profundidade, é que Dom Pedro II teve um pajem chamado Rafael, que era um homem negro. Esse pajem de Dom Pedro II o acompanhou durante toda sua vida. Ele passou a vida toda acompanhando o nosso monarca, ele acompanhou seus primeiros passos, preparava mamadeira, ou seja, ele foi uma pessoa muito próxima de Dom Pedro II durante toda sua vida. 

Por tanto, aprendo que estamos neste país juntos, construímos essa pátria juntos e devemos continuar erguendo o presente e o futuro juntos, sem rancor ou ódio, pela cor da pele, seja ela branca, preta ou parda.

Os 133 anos do fim da escravidão, nos ensinaram que pretos, brancos e pardos são brasileiros e querem um Brasil melhor.

A Princesa Isabel, ao assinar a Lei Aurea, criou um marco civilizatório, para nossa nação, mandou um recado queremos um Brasil livre e melhor e hoje um preto parlamentar fala nesta casa e para este Brasil.

Queremos nos libertar do ódio, do rancor e da MENTIRA com nossa história. Não vamos acabar com qualquer tipo de preconceito sem a verdade, sem a sabedoria e sem o sentimento de unidade nacional. Quando entendermos que somos todos brasileiros, filhos da mesma Nação, mantenedores do mesmo território, estaremos combatendo o preconceito.

O Brasil só poderá ser completo quando olhar para sua história, entender de onde veio, o que nos uniu, o que nos constituiu como nação e decidir andar em unidade, não separados. O Brasil somos todos nós. Não somos Brasil sem o branco, sem o preto, sem o indígena ou sem o pardo, por isso, digo: 

MINHA COR É O BRASIL!

VIVA PRINCESA ISABEL! VIVA REBOUÇAS! VIVA LUIS GAMA! VIVA A ABOLIÇÃO DO ÓDIO E DA MENTIRA DA HISTÓRIA DO NOSSO POVO!

A VERDADE NOS LIBERTARÁ!”.

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