O depoimento do ex-ministro Nelson Teich deixou os adversários do Governo Bolsonaro visivelmente decepcionados na sessão de hoje da CPI da COVID no Senado.
Após o depoimento bem entrosado do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta na terça-feira (04/05) com os senadores oposicionistas, o relator da CPI, senador Renan Calheiros, iniciou a sessão dizendo que Mandetta superara todas as expectativas e que esperava o mesmo de Teich.
Em seguida, Renan fez as arguições ao Dr. Nelson Teich tentando extrair do depoente declarações comprometedoras a respeito do Presidente Bolsonaro. Mas tudo o que conseguiu foi que o ex-ministro dissesse o que sempre disse: que saiu do cargo por discordar do uso da cloroquina como prescrição para a COVID-19 e por perceber que não teria autonomia para agir no cargo.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz, chegou a indagar de forma irônica, mas com certo tom de irritação por não surgir fato novo no depoimento: “Então o que o separava a sua visão da visão do Presidente Bolsonaro era apenas a cloroquina?”.
O vice-presidente da CPI, Randolfe “DPVAT” Rodrigues (REDE-AP) foi mais habilidoso, distorcendo fala do depoente que disse ter sido favorável ao fim das medidas restritivas durante o seu período no ministério porque não separava a dimensão econômica da sanitária, pois ambas dizem respeito à sobrevivência humana.
Embora o entendimento de Teich fosse semelhante ao de Bolsonaro nesse ponto, Randolfe falou mais alto e disse que o depoente então discordava do Presidente da República que, segundo o senador, só enxergava o aspecto econômico. Tímido, Teich preferiu não contraditar.
Após um dia de festa e confraternização com Mandetta, que é político e tem os mesmos propósitos que os adversários de Bolsonaro na CPI, o ex-ministro Dr. Nelson Teich não “cortou” nenhuma bola levantada por Renan. Cortou foi o barato, deixando claro que era apenas um quadro técnico falando a verdade nua e crua.
Mas a decepção não foi apenas na comissão. A imprensa também acusou o golpe. No blog O Antagonista, depois do depoimento sem colaborações ao antibolsonarismo, o ataque não tardou e Teich foi chamado de “um fos piores ministros da Saúde da história”. Curiosamente esse juízo sobre ele só foi formado após o depoimento.