Se o cenário político nacional anda polarizado e intensamente disputado, as eleições iguaçuanas não estão indiferentes a essa realidade. Rosangela Gomes, Max Lemos e Rogerio Lisboa refletem diretamente a mais renhida disputa da política nacional atualmente.
Se Rosangela é a escolhida da família Bolsonaro para Nova Iguaçu este ano, Rogerio Lisboa já é há várias eleições o representante de Rodrigo Maia na cidade. Além dos dois, o neotucano Max Lemos, que perdeu seu líder e aliado Sergio Cabral para a Lava Jato, é o principal aliado do governador paulista João Doria no estado do Rio.
BOLSONARO
A união da família Bolsonaro com o Republicanos iniciada com a filiação de Carlos, Flavio e Rogeria Bolsonaro ao partido, construiu uma chapa formada pela deputada Rosangela Gomes e por um nome do Aliança Pelo Brasil, o partido que Bolsonaro está construindo, o seu vice Thiago Rachid.
Antes da campanha eleitoral Bolsonaro anunciou que não apoiaria ninguém em 2020, mas recentemente disse em uma de seus “lives” semanais que anunciará em breve alguns apoios, mudando aquela posição inicial.
Bolsonaro já sinalizava apoios a candidaturas do Republicanos há algum tempo, como a de Marcelo Crivella e Celso Russomano, no Rio e em S. Paulo, além de S. João de Meriti e Nova Iguaçu com Charlles Batista e Rosangela Gomes, respectivamente.
RODRIGO MAIA
Rogerio Lisboa e Rodrigo Maia são velhos aliados. Foi Maia que ajudou a construir com Rogerio a eleição e, sobretudo, a reeleição de Lindbergh Farias como prefeito de Nova Iguaçu.
Na ocasião, até a cor laranja, que era utilizada na Prefeitura do Rio pelo então Prefeito Cesar Maia, foi largamente utilizada na identidade visual da campanha e da gestão de Lindbergh, sob o pretexto de Nova Iguaçu ser a antiga cidade dos laranjais.
Rodrigo Maia é uma espécie de donatário da Secretaria de Educação de Nova Iguaçu. Os indicados para a pasta no governo Rogerio Lisboa sempre foram pessoas do grupo de Maia que também controlava a Secretaria de Assuntos Estratégicos, Ciência, Tecnologia e Inovação do atual governo.
Além disso, o partido de Rodrigo Maia, o DEM, indicou o vice de Lisboa, o deputado federal Juninho do Pneu, cotado para assumir a Prefeitura de Nova Iguaçu a partir de abril de 2022, quando Rogerio concorreria a uma vaga para a Câmara dos Deputados, caso o atual prefeito seja reeleito.
Maia conta com a força da máquina em Nova Iguaçu para tentar a reeleição como deputado federal em 2022.
JOÃO DORIA
A perda dos seus aliados Sergio Cabral, que está preso, e Jorge Picciani, que em Nova Iguaçu é aliado de Rogerio Lisboa, inviabilizou a permanência de Max Lemos no MDB.
Max se mudou para o ninho tucano do governador paulista João Doria, tornando-se uma das principais lideranças tucanas no Rio de Janeiro.
João Doria conta com a vitória de Max Lemos em Nova Iguaçu para poder ter um palanque forte no estado do Rio em 2022, quando pretende se candidatar à Presidência da República contra Jair Bolsonaro.
A rivalidade entre o governador paulista e o Presidente da República está mais forte do que nunca por conta da vacina chinesa que Doria insiste que o Governo Federal deve adquirir, apesar de não haver comprovação de que realmente é segura.
A chapa de Max Lemos conta ainda com o Partido Comunista do Brasil (PC do B), Podemos, DC, PTB e PTC.
PETISMO
Mas o cenário iguaçuano revela ainda outros aspectos da política nacional. O enfraquecimento do PT, por exemplo. Apesar de ter vencido duas eleições na década passada em Nova Iguaçu, o PT local parece desorientado como o PT nacional.
O principal nome petista da cidade, Lindbergh Farias, tentou ser candidato a vereador no Rio de Janeiro e foi barrado pela lei da ficha limpa. A quase candidatura teve ao menos a serventia para preservar Lindbergh de se envolver na disputa iguaçuana, o que o colocaria em uma encruzilhada entre apoiar o seu velho amigo e aliado Rogerio Lisboa ou o candidato do PT Sebastião Berriel.
