O primeiro encontro dos presidenciáveis nas eleições de 2022 ocorreu neste domingo na TV Bandeirantes, em S. Paulo. Por isso, o Nova Iguaçu 24h vem apresentar sua análise do debate da Band em editorial.
OS DEBATES NÃO SÃO MAIS COMO NO PASSADO
Antes de mais nada, é preciso ter em mente que a maioria dos que assistem efetivamente o debate são indivíduos com a opinião formada e candidatos definidos: profissionais de imprensa, analistas, apoiadores dos candidatos, militância dos partidos. Por isso, não vivemos mais o tempo em que o debate por si mesmo tenha grande importância.
O debate em si tornou-se um encontro de adversários para produzir conteúdo para a internet nas horas e dias seguintes à sua realização. E, portanto, quem obteve melhores resultados foi o atual presidente da República, Jair Bolsonaro.
BOLSONARO ENTENDE COMO É A COMUNICAÇÃO DO SÉCULO XXI
Grande parte do êxito de Bolsonaro está em compreender como a comunicação funciona nos dias de hoje. Diferentemente dos adversários que ainda conversam com a sociedade em formatos ultrapassados, do século passado, Bolsonaro sabe que é preciso elevar o tom para produzir material.
Os analistas políticos que assistiram ao debate julgaram que as duas mulheres que são candidatas à Presidência foram bem. Se, por um acaso elas estivessem em um debate da década de 80 do século passado, talvez pudéssemos concordar. Simone e Soraya tiveram um grande nível de exposição e foram beneficiadas pelas perguntas dos jornalistas e até por adversários.
Todavia, como já dissemos, quem assiste ao debate na sua integralidade já tem voto definido. Ninguém irá parar para assistir no WhatsApp um video curto da monótona candidata Simone Tebet falando de assuntos técnicas. O público quer é a polêmica. E a polêmica política tem um soberano no Brasil do nosso tempo que é Jair Bolsonaro.
Não se pode negar, exceto por incompreensão da política como ela é atualmente ou, talvez, por paixões políticas, que Bolsonaro colherá os melhores frutos do debate ao longo dos próximos dias. Ciro Gomes (PDT) também teve alguns cortes proveitosos, como quando lembrou a Lula de que ele estava preso em 2018, mas nada comparável a Bolsonaro.
A FALHA DE BOLSONARO
Como era de se esperar – e o presidente deveria saber disso – o agente provocador do debate viria dos jornalistas. Inegavelmente não havia ninguém mais adequada que Vera Magalhães para a tarefa, dada a sua militância política travestida de jornalismo e, sobretudo, o fato de ser mulher.
A reação de Bolsonaro à intervenção de Vera Magalhães não foi tão desproporcional quanto querem fazer crer seus adversários. Mas, sobretudo quando há contra ele uma narrativa longamente construída ao longo dos anos de ser misógino e agressivo com jornalistas, seria mais prudente pisar no freio.
Evidentemente o episódio será fartamente explorado pela imprensa e partidos políticos de oposição. E, como era de se esperar, já está nas manchetes dos jornais.
LULA COMBINOU LIMITAÇÕES FÍSICAS COM PASSADO SOMBRIO
É preciso destacar também que o político mais presente em disputas presidenciais nas últimas décadas, Lula da Silva (PT), mostrou fraqueza física, com momentos de falas confusas, esquecimento e nervosismo. E, também se mostrou incapaz de sair das situações criadas por seus adversários, especialmente Bolsonaro. E ainda proporcionou oportunidades aos adversários de “lacrar” em cima dele.
JAIR E CARLOS BOLSONARO CAMINHAM PARA MAIS UM ÊXITO DE COMUNICAÇÃO ELEITORAL
Nenhuma análise do debate da Band, portanto, pode ser feita com base naquilo que efetivamente foi, mas naquilo que poderá ser transformado nas redes sociais. Todavia, os políticos brasileiros parecem ainda estar comendo poeira em se tratando de comunicação quando comparados à dobradinha Jair e Carlos Bolsonaro.