Que visitar o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda encontrará o presidente Jair Bolsonaro como presidente do Aliança pelo Brasil. O partido que ainda está em formação, tem o sonho ser uma legenda conservadora e de direita. No entanto, como a nova legenda ainda não obteve o registro no TSE, Bolsonaro filiou-se na última terça-feira (30/11) ao Partido Liberal.
Embora Bolsonaro não continue no projeto, o segundo vice-presidente do Aliança, o empresário Luís Felipe Belmonte, continua coletando assinaturas de apoiamento, na esperança aparentemente ingrata de viabilizar a legenda para as eleições de 2022. Belmonte paga do seu bolso entre 15 e 20 mil reais por mês para manter a equipe do partido. Nos dois anos do projeto, estima-se uma despesa de 480 mil reais.
A expectativa dele é que o Aliança possa receber parlamentares bolsonaristas e outros apoiadores do presidente que não encontrem espaço no PL, por divergências nos estados ou pelo limite no número de candidatos a serem lançados.
Questionado sobre quem poderiam ser esses possíveis filiados, Belmonte desconversa e diz que é preciso aguardar o cenário em cada estado. O plano será difícil de se concretizar: devido à incerteza da criação da legenda, aliados de Bolsonaro que não vão para o PL estudam entrar em outros partidos da base, como o PP e o Republicanos.
“Estamos fazendo um partido para os conservadores. Muitos parlamentares que vão ser candidatos não vão ter espaço no PL. É até uma forma de ter uma alternativa“, diz Belmonte.
Bolsonaro se desfiliou do PSL, partido pelo qual foi eleito presidente, em novembro de 2019, e anunciou a intenção de criar o Aliança pelo Brasil. Um grande evento foi feito, em um hotel de Brasília, e o partido teve estatuto, logomarca e número nas urnas (o 38) divulgados. O objetivo inicial era que a legenda ficasse pronta a tempo de participar das eleições municipais de 2020.
Em janeiro do ano passado, Bolsonaro participou de um evento de coleta de assinaturas, em Brasília, e projetou que o partido poderia eleger uma bancada de cem parlamentares em 2022. Em 2018, o número de deputados e senadores eleitos pelo PSL foi de quase 60.
Entretanto, as dificuldades para a coleta das assinaturas necessárias e o desejo de uma estrutura partidária maior para sua campanha à reeleição fizeram o presidente desistir de entrar na legenda. Uma cena se repetiu diversas vezes: apoiadores iam ao “cercadinho” do Palácio da Alvorada dizer que ainda apostavam no Aliança, mas Bolsonaro os cortava e dizia que procurava outro partido.
Belmonte evita criticar o presidente, dizendo que ele anunciou sua decisão com antecedência e que precisava analisar a “conjuntura político-partidária”.
“O presidente desde setembro do ano passado tinha anunciado que ia buscar alternativas. Estávamos cientes disso. Tem toda uma conjuntura político-partidária nacional que ele tem que administrar“, afirma Belmonte.
Mesmo assim, o empresário continua coletando assinaturas. Até agora, já foram apresentadas 164 mil ao TSE, um terço das 492 mil necessárias. Ele afirma que outras 215 mil estão aguardando análises e mais 100 mil serão apresentadas nos próximos dias. Além disso, Belmonte aposta nas assinaturas eletrônicas, autorizadas no mês passado pelo TSE, para acelerar a coleta.
“Nossa ideia é concluir até dezembro a coleta para que em fevereiro quando o TSE, voltar do recesso, tenha condições de apreciar o registro“, completa. Belmonte atribui aos cartórios eleitorais a culpa pela demora na análise.