Uma das histórias mais marcantes da vida de Jô Soares, que morreu nesta sexta-feira (05/08) aos 84 anos, diz respeito ao episódio da morte de sua mãe, Mercedes. Ela morreu tragicamente, atropelada por um taxista, aos 70 anos. Na ocasião, Jô tinha 30 anos.
O episódio contado por ele em sua biografia em dois volumes (O Livro de Jô), também foi abordado em uma entrevista a Marcelo Bonfá, em 2015. Na ocasião, ele revelou um episódio em que reencontrou o taxista anos depois:
“Mamãe morreu atropelada, num dia de chuva terrível. O motorista do táxi não teve a menor culpa. Ela tinha 70 anos. O motorista socorreu minha mãe e levou para o hospital. Ele fez tudo certo. Só que ela teve uma fratura de base de crânio e não resistiu”, contou Jô.
Jô Soares contou que, 10 anos depois do acidente, reencontrou com o motorista ao pegar um táxi que, coincidentemente, era dirigido pelo motorista que atropelou sua mãe: “Dez anos depois, eu peguei um táxi no Santos Dumont e, quando cheguei em casa, o motorista falou: ‘Eu preciso dizer uma coisa para o senhor. Fui eu que atropelei sua mãe. E desde esse dia, isso já faz dez anos, eu não consigo mais dormir. Só vou conseguir dormir no dia que o senhor me disser que me perdoa”.
“Respondi para ele: ‘Mas, meu filho, você está perdoado desde o dia que pegou a minha mãe, socorreu e ficou ao lado do meu pai até a minha mãe morrer. Você não teve culpa nenhuma. Eu te perdoo, você está mais que perdoado. Vai em paz’. Ele chorava e eu chorei muito também. O perdão para mim é a coisa mais importante no cristianismo”, completou.