Os nomes dos pré-candidatos à Prefeitura despontam no horizonte eleitoral iguaçuano. Sete nomes já se apresentaram como pré-candidatos ao cargo de Prefeito Municipal em Nova Iguaçu. O cenário, porém, ainda é cheio de incertezas que vão desde os nomes que realmente concorrerão, ainda no campo dos especulações, além da pandemia do novo coronavírus, que deixa uma grande dúvida sobre como será a campanha eleitoral com o distanciamento social.
CENÁRIO INSTÁVEL
A maior incerteza está justamente na candidatura que deveria ser a mais certa, a do atual prefeito. Mas Rogério Martins Lisboa, às voltas com problemas na Justiça, tenta reverter sua cassação e a consequente inelegibilidade. Ele permanece no cargo por conta de recursos à condenação em primeira e segunda instâncias por crime eleitoral cometido em 2016. Esse é um dos seus pontos fracos. Porém Rogerio Lisboa conta com a máquina da Prefeitura e centenas de milhões de reais para investir com a série de empréstimos que fez, aumentando a dívida pública municipal. Também há recursos enviados pelo Governo Federal para combate à COVID-19 da ordem de mais de 80 milhões de reais.
Para tirar Rogerio Lisboa da cadeira de prefeito, outros seis candidatos já começaram a construir suas bases. Um número tão grande de concorrentes é raro em Nova Iguaçu. E este cenário também inspira incertezas sobre se alguns deles conseguirão manter suas pré-candidaturas até transformá-las em chapas concorrentes nas convenções e no momento do registro.
Outro fator de incerteza é a crise gerada pelo coronavírus no cenário nacional. Dúvidas sobre a realização do pleito já pairaram no ar, mas foram afastadas com o adiamento das eleições para novembro, já aprovado no Congresso Nacional. Porém, é inegável que tantos obstáculos diminuíram o engajamento dos cidadãos, dificultando a vida dos pré-candidatos.
OS CONCORRENTES
Dois são os candidatos que apresentam-se com mais força para tirar Rogério Lisboa da cadeira de prefeito. São eles, Rosangela Gomes e Max Lemos.
Rosangela de Souza Gomes
Pré-candidata do partido Republicanos (antigo PRB). Já foi vereadora, deputada estadual e atualmente é deputada federal. Rosangela pegará carona na ausência de um candidato bolsonarista na cidade, já que o partido Aliança pelo Brasil de Jair Bolsonaro não obteve registro no TSE. É notória a proximidade de Jair Bolsonaro com o Republicanos, sobretudo após a recente filiação de seus filhos Flávio e Carlos, além de sua ex-mulher Rogéria ao partido.
Além disso, aponta-se que Rosangela receberá apoio do Deputado Helio Lopes, o Helio Negão, o que indica o apoio velado do Presidente Bolsonaro à sua candidatura. Outro ponto favorável à Rosangela é o fato de que seu partido abrigará os bolsonaristas que serão candidatos à Câmara Municipal no município e que não puderam concorrer pelo Aliança Pelo Brasil.
Como ponto forte da sua candidatura pode-se apontar, além do alinhamento com o Presidente Jair Bolsonaro, o fato de Rosangela ser a campeã de emendas parlamentares destinadas a Nova Iguaçu e ter tido excelente votação na última eleição para a Prefeitura. Como ponto fraco a decisão de seu partido na última eleição de apoiar Rogerio Lisboa no segundo turno, após Rosangela terminar em terceiro lugar.
Max Rodrigues Lemos
Ex-prefeito de Queimados. Eleito deputado estadual pelo MDB de Jorge Picciani, Sergio Cabral e Pezão, Max não conseguiu ser o candidato da sigla para a disputa. Picciani foi um dos padrinhos políticos da vitória de Rogerio Lisboa em 2016 e permanece junto ao atual prefeito.
Max se filiou recentemente ao PSDB com apoio de João Doria, Governador de São Paulo. Sua filiação ao ninho tucano pode trazer problemas, já que o MDB reclama na Justiça Eleitoral a perda de mandato de deputado por infidelidade partidária.
Como ponto forte de sua candidatura destaca-se o fato de já estar trabalhando por essa candidatura desde o ano passado e ter muitas lideranças de bairro consigo. Como ponto fraco, seu passado de aliado de Sergio Cabral, Jorge Picciani, Pezão, os problemas na Saúde do município que governou, Queimados, e ainda o fato de não ser da cidade, como também não eram Aluisio Gama e Lindbergh Farias, que não deixaram boas recordações para o município.
CORRENDO POR FORA
Além destes são citados nos bastidores para a disputa mais quatro pré-candidaturas menos expressivas, mas que podem fazer desta uma das eleições com mais candidatos à Prefeitura desde a promulgação da Constituição de 1988.
Cornélio Ribeiro
É empresário e atua no ramo da construção civil. Já foi vereador, deputado estadual e federal, além de diretor da CODENI e Secretário Estadual da Baixada. Candidato derrotado por Nelson Bornier em 1996, era na ocasião o candidato do PDT, partido que comandava o município havia dois mandatos.
Embora fosse o candidato da máquina, apoiado pelo então prefeito Altamir Gomes, sofreu uma fragorosa derrota, tendo obtido apenas 20% dos votos contra 56% de Bornier, eleito em primeiro turno. Este ano é pré-candidato do PRTB.
Como ponto forte, a experiência política que acumulou em seus mandatos de deputado. Como ponto fraco, o fato de Cornélio estar há muitos anos afastado da política.
Luiz Carlos da Rocha Novaes
Empresário e histórico militante do brizolismo. Já foi vice-prefeito de Nova Iguaçu, três vezes deputado estadual, presidente da CODENI e secretário de desenvolvimento de Duque de Caxias. Já disputou a Prefeitura e em 1996 ficou em quarto lugar. É pai do ex-vereador Alexandre Novaes.
Já foi filiado ao PDT, ao PMDB e ao PSDB. Hoje está no Partido Socialista Brasileiro (PSB). Seu reduto eleitoral é o bairro do Km32, onde conserva uma enorme mansão que domina a paisagem.
Como ponto forte, tal qual Cornélio Ribeiro, sua experiência política e como ponto fraco os muitos anos sem concorrer a cargos eletivos.
Raquel Niedermeyer Denardin
Esposa de Fabio Denardin, ex-secretário de Saúde em Belford Roxo no Governo Dennis Dautman (PC do B). É gaúcha, proprietária de um curso preparatório e usa o nome político de Raquel Stasiaki. Sua experiência em cargos públicos é de uma nomeação para o CISBAF durante o Governo Bornier.
Em 2018 disputou sua primeira eleição. Pretendia candidatar-se pelo DEM de Rodrigo Maia, mas decidiu filiar-se nos últimos instantes no PSL, de olho na onda Bolsonaro, na ocasião filiado ao partido. Apesar da onda, não foi eleita. Em 2019, Bolsonaro saiu do partido após desentendimento com Luciano Bivar, presidente da legenda. Raquel continuou no PSL e é aliada de lideranças do partido ligadas a Bivar, como os deputados Sargento Gurgel e Prof. Joziel, da ala bivarista também integrada por Joice Hasselmann e Delegado Waldir.
Como ponto forte, podemos apontar a associação que faz de seu nome ao do ex-ministro Sergio Moro, do qual apresenta-se nas redes sociais como sua admiradora. Como ponto fraco, podemos apontar o fato de ser investigada pela Justiça Eleitoral por suposto uso de caixa dois na campanha de 2018, além do trauma da cidade com prefeitos de fora do município.
Wellington Guimarães Matos
Advogado e historicamente ligado ao ex-vereador Xandrinho, Dr. Letinho, como é conhecido, está cotado para ser o candidato apoiado pelo ex-prefeito Nelson Bornier.
Como ponto forte, Dr. Letinho pode colher os frutos de sua experiência em campanhas políticas do ex-deputado Xandrinho e com a estrutura política do ex-prefeito Nelson Bornier. Como ponto fraco, o fato de ser um nome ainda desconhecido da maioria da população.
OUTRAS PRÉ-CANDIDATURAS AINDA PODEM SURGIR
Além destes pré-candidatos, especula-se sobre possíveis candidaturas do PT, do PSOL, partidos da extrema-esquerda que ainda não se pronunciaram sobre o quadro eleitoral de 2020 na cidade.
Na última eleição o PT apoiou o atual prefeito e indicou o vice de sua chapa, Carlos Ferreira. Mas Ferreirinha deixou o PT depois das eleições. Já o PSOL teve candidatura na última eleição, obtendo 1,12% dos votos com a candidata Professora Leci e tem por tradição partidária lançar candidatos em todos os municípios.