Para que não se tenha dúvida da situação terrível que a verdade e a decência passam no Brasil, a cruzada do Dr. Barroso contra o voto auditável tem gritado para nos chamar atenção para isso.
Em plena luz do dia, de forma pública e descarada, uma das maiores autoridades do país tem lutado de maneira incomum – autoridades no Brasil não são muito de fazer esforço – por uma coisa absurda.
Luiz Roberto Barroso, ministro do STF e presidente do TSE, tem ocupado quase todo o seu horário de trabalho – pago pelos brasileiros – em uma cruzada contra a possibilidade de se conferir se o resultado final das eleições, declarado pelo TSE, realmente foi aquele anunciado.
Alguns brasileiros têm manifestado espanto com a campanha do ministro contra o voto auditável: por que tanta luta?, se perguntam.
Mas são poucos ainda os que se espantam, porque a situação é escandalosamente incomum.
A tendência das sociedades democráticas é de sempre – e mais e mais – ampliarem os mecanismos de controle e transparência dos atos públicos. E qual o ato público mais fundamental em uma democracia liberal se não o voto?
Mas, Barroso luta dia e noite contra a pauta do voto auditável que avança no Congresso Nacional.
E a nossa estupefação com o esforço do ministro não é apenas pela luta contra a transparência e segurança do voto. Ainda que o ministro estivesse coberto de razão, seu desespero com a possibilidade de auditar as eleições é, em si, absurdo.
Não é apenas incomum ver homens públicos no Brasil lutando tão arduamente por algo. Um ministro do STF, então, muito menos. Até pela discrição que seu cargo exige, um juiz de suprema corte não deveria estar por aí fazendo uma campanha, que é política, contra a transparência do voto.
A luta de Luís Roberto Barroso contra o voto auditável é incompreensível sob qualquer aspecto que se olhe. A sua posição contra a transparência é inaceitável e sua cruzada diária e ostensiva é, ainda por cima, incomum e incompatível com seu cargo.
Essa situação nos parece bastante escandalosa e, tanto pior fica, por acontecer de forma tão clara gerando tão pouca indignação.
Nós do Nova Iguaçu 24h fizemos uma matéria recentemente mostrando um ato falho do ministro que talvez nos dê algum sinal que explique a sua sanha contra o voto auditável.
A atuação de Barroso só nos convence ainda mais da necessidade de termos a impressão paralela ao voto eletrônico para possibilidades de auditoria.